Era
uma vez uma flor que vivia num extenso campo verdejante, junto a outras
inúmeras flores dos mais variados aspetos e tonalidades. Era uma vez uma miúda
que gostava de observar, cheirar, tocar, regar, cuidar de cada uma delas,
individualmente. No entanto havia uma pela qual nutria mais estima: a rosa de
cor escarlate. Sempre que a rapariga aproximava-se para mostrar o seu afeto,
regressava para casa com as mãos ensanguentadas. A rosa picava-lhe. A dor era
imensa, mas a rapariga continuava a amar aquela sensível mas espinhosa rosa.
Ela questionava o porquê de a rosa lhe picar quando apenas queria o seu bem. Um
dia, após uma grande luta interior ela tomou a decisão de afastar-se da flor
pois a dor tornara-se insuportável. Ao caminhar pelo jardim encontrou um homem
alto e esbelto com um enorme sorriso aberto que apresentou-se como sendo o
jardineiro responsável pelo crescimento e saúde das flores desse jardim. Ela
perguntou-lhe o porquê de algumas flores permanecerem espinhosas magoando os
seus amantes, enquanto outras não possuíam espinhos.
-
“Há um tempo próprio para todas as coisas” – respondeu-lhe o jardineiro.
Passado
o tempo determinado, o jardineiro começou a cortar os espinhos da rosa
vermelha. Um a um, até que esta, outrora conhecida por rosa espinhosa, passou a
ser uma rosa diferente, saudável e bonita! Aliás, a mais bonita! Depois dessa
novidade, a rapariga que passeava pelo jardim, correu ao encontro da flor e
sorriu-lhe. Ela sabia que nunca mais seria magoada. Pegou-a com cuidado e
amou-a. Amou-a com um amor genuíno que outrora tentara demonstrar.
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